quinta-feira, 29 de abril de 2010

Nos Ombros de Gigantes (10)



O Historiador

Veio para ressuscitar o tempo
e escalpelar os mortos,
as condecorações, as liturgias, as espadas,
o espectro das fazendas submergidas,
o muro de pedra entre membros da família,
o ardido queixume das solteironas,
os negócios de trapaça, as ilusões jamais confirmadas
nem desfeitas.

Veio para contar
o que não faz jus a ser glorificado
e se deposita, grânulo,
no poço vazio da memória.
É importuno,
sabe-se importuno e insiste,
rancoroso, fiel.

Carlos Drummond de Andrade, in 'A Paixão Medida'

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sexta-feira, 23 de abril de 2010

1 Ano de Pássaro de Minerva


Hoje estamos completando o primeiro aniversário do nosso blog. Um ano de Pássaro de Minerva. Momento para comemorar e agradecer a todos os leitores, seguidores e incentivadores do blog; aquelas pessoas que comentam e que não comentam também; enfim a todos que nos acompanharam neste primeiro ano de vôo do Pássaro.

Essa data é também um momento de reflexão, uma oportunidade de identificar os deslizes e reforçar os acertos, de revisar e rever nossa pequena, porém edificante trajetória. Como em toda jornada, passamos por altos e baixos, momentos de muita produtividade e outros de fadiga; momentos onde começam a se esboçar a possibilidade de disistir, seguidos de momentos, como este agora, onde temos desejo de cada vez voarmos mais longe.

Fazendo uma retrospectiva deste ano transcorrido, lembro-me em particular de um fato que poucos sabem, que eram nossas reuniões na biblioteca ou quando vínhamos em dias que não tinha aula, só pra formular a hipótese do que seria este espaço. Recordar é viver! O pássaro esta vivo. Por mais que os entraves da vida conturbada (de professor, estagiário, pai de família e universitários) nos impeçam de seguir com muitas postagens ou respostas imediatas aos comentários, creio ser de comum acordo que todos que a fazem parte operacional do blog, sentem-se orgulhosos pela repercussão e dirá mais pela proporção com a qual nos deparamos hoje.

E como bons (projetos) de historiadores - ou não - aproveitamos esta data para dar uma olhada no passado, tendo as asas sempre tocando as nuvens do presente, para assim planejar e vislumbrar quais serão os próximos horizontes a buscar em vôos futuros.

Só para relembrar de inicio éramos 4 ou 5, da mesmo ciclo de amigos, posteriormente fomos penetrando, no bom sentido é claro, em outros períodos , em outras Instituições, atraímos pessoas que nem conhecemos; que nunca poderiam imaginar que alguns caras do 5° período  de história (na época) poderiam subsidiar um blog e que este mesmo, conseguiria completar seu primeiro ano de história.

Desta forma, queriamos também aproveitar para agradecer a todos que nos apoiaram deste o início esta empreitada, deste o ninho onde o Pássaro de Minerva começa a tomar corpo, até os nossos primeiros vôos incertos. Agradecer aos professores e colegas de curso que nos deram força e incentivo das mais diversas maneiras, seja cedendo idéias e textos, como o fez o professor Carlos Augusto (a quem somos imensamente gratos);  ou mesmo divulgando, acessendando e seguindo o Pássaro de Minerva. Lendo, comentando e criticando as postagens. Sugerindo, produzindo - como fez o nosso caro colega Thiago Rocha - e indicando textos. 

Pois, para além do mero discurso, este blog definitivamente é um espaço nosso, que ganha contornos e consistência a partir da sua particação. Sintam-se sempre a vontade para sugerir, criticar e elogiar ( só elogios sinceros). Foi através dos comentários e opiniões de vocês, que o blog foi ganhando a forma que tem hoje e conseguindo chegar até aqui - a culpa é toda sua!

Assim, a equipe que faz o Pássaro de Minerva agradece a todos vocês que fazem este blog, e renova o convite para mais um ano de vôo (já usei esta palavra 500 vezes neste post) no fascinante e infindável céu da História.


PS: Não vai ter festa, mas quem quiser mandar presente, fique a vontade!

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quarta-feira, 21 de abril de 2010

Indígenas Digitais




Dia 19 de Abril é dia do Índio!
Mas o porquê deste dia? Que reflexões a sociedade faz a cerca desta data? O que  de fato foi feito em prol de uma reflexão séria a respeito da história e da realidade dos povos indígenas brasileiros.
E enquanto a Lei N° 11645/08 de março de 2008 que estabelece a inclusão no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena, será que após dois anos de sua elaboração está sendo verdadeiramente efetivada nas escolas? Quantos de nossos municípios desenvolvem este trabalho?

Mas uma fez o que se viu na sociedade (salvo poucas exceções) foi uma abordagem meramente folclórica sobre a figura do indígena. O que podemos ver neste dia, foram apenas algumas crianças com os rostos pintados, batendo a mão na boca, dizendo que aprenderam que os índios moravam em ocas, e que inventaram a farinha e a rede.
No entanto, este total desconhecimento da história e cultura dos povos indígenas não é (de)mérito somente da rede de ensino, ela é fruto de anos de negação e marginalização da cultura e do legado indígena. E que hoje por meio de nosso silêncio e letargia corroboramos para perpetuar.

O que dizer se a próprias Intuições de Ensino Superior, teoricamente produtora dos (de)formadores de opinião, não traz pra si a responsabilidade deste debate. O que dizer, se nossa Universidade Estadual Vale do Acaraú - UVA, que mantém um Museu, que em seu acervo, em quase nada retrata a realidade dos povos nativos da região do Vale do Acaraú.
Aí então, só voltaremos a falar dos indígenas durante, quando algum outro índio ao ter que deixar sua terra, for queimado em alguma metrópole do país. Contudo sem perceber que esta não é uma realidade isolada e que foi historicamente construída.

Assim , na contra-mão desta ausência de reflexão, recentemente foi lançado o curta-metragem Indígenas Digitais, onde integrantes de diversas nações indígenas demonstram como o uso das novas tecnologias, como as câmeras filmadoras, celulares e internet tem sido transformadas em ferramentas importantes na luta pelos direitos das comunidades indígenas e sua comunicação dentro do mundo contemporâneo globalizado. Descontruíndo a idéia da cultura indígena enquanto algo que deve estar estagnada no tempo, e mostrando toda a dinâmica e vida desta cultura.
Taí uma boa chance de ver os índios falando sobre sua cultura e sua realidade. Assim que o curta estiver disponível na íntegra prometemos postar ou indicar onde encontrá-lo.

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