sábado, 5 de março de 2011

Escola de Samba para Historiadores


Assistir as escolas de samba falarem sobre algum passado luminoso, cheio de história, é uma maravilha! Também uma afronta intelectual àqueles que passam metade do tempo em cima de livros (e xerox), tentando compreender o processo de formação do Estados, desesperado com a prova de metodologia (tomara que só caia: o que é positivismo), enfim, enquanto isso, a história na boca dos puxadores do carnaval e nas cores daqueles indiozinhos (eternos homenageados) parece bastante fácil e óbvia.

Assim, convoco os historiadores (cerca de 2500 seria um bom número), com samba no pé, facilidade de construir maquetes de isopor de 40 metros, e que não tenham timidez de desfilar na passarela do samba, formemos uma escola para o carnaval do próximo ano;
 “Historiadores, uni-vos”, diria Marx, com aquela carinha de Bakunin.

Sugestão de nome para a Escola:
  • Imperatriz de Marc Bloch
  • Unidos de Michelet
  • Mocidade de maio de 68
Samba enredo: “Ufa, agora só historiador pode escrever livros de história, segundo a regulamentação da profissão”

Comissão de frente: será um vazio para representar a falta de conceitualização da inquisição na América.

Carro abre-alas: Homenagem a Rabelais – o carro terá no centro um grande Rabelais feito de espuma. Nas laterais, Gangantua e Pantagruel representados por atores, talvez ex-big-brothers, e atrás, uma estátua de Lucien Febvre em posição superior a Rabelais. Aliás, Rabelais estará ajoelhado no milho.

Ala das baianas: colocar livre-docentes girando, girando.

Velha guarda: ala será formada pelos livre-docentes com labirintite, assim, não precisam girar.

2º carro: será uma homenagem ao carnaval, o carro se chamará: “Não, samba-enredo não é aula de história não!”

Bateria: composta pelos mais ritmados, com chapéus em forma de livros em branco, cuja temática será: não li Bakhtin, mas cito mesmo assim!

3º carro: terá Tiradentes e sua corda. Sem motivo especial, mas aparentemente carnaval sem homenagear Tiradentes não é carnaval.

4º carro: problematização da identidade indígena no Brasil. Talvez assim compreendam que essa identidade foi criada pelo IHGB para a construção do Estado-Nação Brasil. Mas na verdade a maior identidade da galera por estas terras é a portuguesa.

Último carro: paraíso das ninfas e o Olimpo. Carro dedicado àqueles que estão desesperados com a entrega da tese. Não temam, no fim de tudo há um lugar para vocês neste paraíso.

Após o último carro haverá a bibliografia.

Ps: Os estagiários empurrarão os carros.

Quanto ao dinheiro necessário para nossa escola de samba, acredito que podemos pedir financiamento com a CNPQ ou FAPESP. A gente promete devolver as fantasias para a reserva técnica.

Li no divertido Quadrinhos de História (confira lá!)

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