quarta-feira, 27 de maio de 2009

Nem Mole, Nem Branda, Ditadura.


NEM MOLE, NEM BRANDA, DITADURA.

Carlos Augusto P. dos Santos.
Professor do Curso de História da UVA.
Membro do Grupo de Estudo Cidade Trabalho e Poder. Sobral-CE.


O golpe civil-militar de 01 de abril de 1964 ainda está vivo na memória do país, a despeito dos descasos quanto à punição dos culpados e reparação das vítimas da tortura institucionalizada nos porões da ditadura. Tal como fizeram, inundando Canudos com as águas de um açude, agora querem construir uma hidrelétrica na região dos acontecimentos da Guerrilha do Araguaia, perdendo-se para sempre a oportunidade de localizar os restos mortais dos guerrilheiros. Apaga-se a história, afogam-se as memórias.
Neste aspecto, o atual governo frustra a possibilidade de responsabilizar os culpados dos crimes cometidos pelo Estado neste conflito. Para além disso, fica a impressão de fragilidade ou descaso político de um governo. Inúmeras famílias de “desaparecidos” políticos continuarão em compasso de espera, convivendo com seus traumas e fantasmas, enquanto perdura uma interpretação da famigerada Lei de Anistia que isenta os dois lados daquele embate que tisnou a história do país. Por outro lado, o Brasil faz um recuo histórico em relação aos seus vizinhos como Argentina, Uruguai e até mesmo o Paraguai, que atualmente vem punindo torturadores dos antigos regimes ditatoriais, visto que entendem que crimes dessa natureza não prescrevem.
Desta forma, causa espanto que, ao aproximar-se da data que lembra a inauguração do regime ditatorial de 1964, um editorial da Folha de São Paulo sugira que tal período tenha transcorrido de maneira “branda”. Há tempos atrás, outro jornalista já havia adjetivado a ditadura de “mole”, sem maiores repercussões. Talvez inspirado em Gilberto Freyre que nos idos de 1930 tenha sugerido que a escravidão do Brasil tenha sido “branda” se comparada à de outros países escravocratas, o editorialista utiliza deste método comparativo, ignóbil para a compreensão dos fatos, visto não tocar na questão essencial – a vida humana.
Não importa se as ditaduras na Argentina mataram 30 mil pessoas, que no Chile se contabilizaram 10 mil chilenos mortos, ou se no Uruguai, 3 mil cidadãos tombaram em relação aos 400 brasileiros oficialmente contados. É de consenso na jurisprudência de tribunais internacionais que o assassinato de um cidadão pelo Estado já configura ofensa imperdoável à humanidade. O editorial da Folha de São Paulo ao cunhar o neologismo “ditabranda”, além de agredir moralmente os intelectuais Fábio Konder Comparato e Maria Victoria Benevides por suas legítimas reações, revela, por outro lado, sua histórica relação com o status quo. Numa feliz expressão do jornalista Mino Carta, poderíamos resumir o papel exercido pelo jornalão da família Mesquita: “A mídia nativa é rosto explícito do poder”. (Carta Capital, Nº536, p.22).

Read more...

domingo, 24 de maio de 2009

Nos Ombros de Gigantes (2)


"A história é a matéria-prima para todas as ideologias.É vital o historiador lutar contra a mentira. O historiador não pode inventar nada, e sim revelar o passado que controla o presenta às ocultas". Eric Hobsbawm

Dando continuidade a sessão "Nos Ombros de Gigantes", que se propõe a ser semanal, temos nesta semana a frase do famigerado Eric Hobsbawm. Sugestão de frase do nosso amigo Elmer Vieira, que sempre esteve presente dando apoio, desde os momento iniciais de idealização deste blog.
Mande você também suas sugestões. Nos ajude a construir este espaço e a fomentar as discussões e debates. Sua participação é imprescindível para o Pássaro de Minerva.

Read more...

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Por que, Escolher Ser Professor Hoje?
















Brasil, século XXI, giz na mão e uma utopia embaixo dos braços, a Educação. Nosso país é tido como o “país do futuro”, onde se plantando “tudo fantasticamente dá!”... Será? Plantando educação, quais frutos teremos? De quem é o interesse neste assunto? Seu?

Read more...

Nos Ombros de Gigantes


“O objeto da história é por natureza o homem. Melhor: os homens. Mais do que o singular, favorável à abstração, convém a uma ciência da diversidade o plural, que é o modo gramatical da relatividade. (...) são exatamente os homens que a história pretende apreender. Quem não o conseguir será, quando muito e na melhor das hipóteses, um servente da erudição. O bom historiador, esse, assemelha-se ao monstro da lenda. Onde farejar carne humana é que está a sua caça.” Marc Bloch - Introdução á História

“No ombro de gigantes”, é uma sessão do blog, destinada à exposição e debate sobre frases e fragmentos de textos de grandes autores, sejam eles historiadores ou não. Buscando fomentar debates a respeito da história e dos historiadores, por meio de vários olhares. Assim deixe seu comentário, participe contribuindo neste debate que prima pela polifonia.

Read more...

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Porque “Pássaro de Minerva”?

Minerva, História e Tempo (1700), de Francesco Solimena.

“Quanto mais nos elevamos, menores parecemos aos olhos daqueles que não sabem voar”. Friedrich Nietzsche


Algumas pessoas têm nos perguntado o porquê do blog se chamar “Pássaro de Minerva”, ou mesmo o que seria este pássaro de minerva.
Pois bem. Minerva é designação romana da deusa da sabedoria, mas conhecida entre nós como Atena. E uma das figuras simbolicamente ligadas à deusa minerva na mitologia, é a coruja, constantemente presente nas imagens que retratam a deusa. Contudo, esta alegoria, sobre o pássaro da deusa minerva, foi consagrada por meio da frase de Hegel: “A coruja de Minerva alça seu vôo somente com o início do crepúsculo”.
Até ai tudo bem! Mas o que isso tem a ver com a história?
A idéia de intitular o blog com este nome surge por meio de uma simbologia usada no capítulo introdutório da obra As identidades do Brasil: de Varnhagem a FHC, do historiador brasileiro José Carlos Reis; obra que nos foi apresentado na disciplina de Historiografia Brasileira, pelo professor Carlos Augusto P. Santos
José Carlos Reis, ao explanar sobre o ofício do historiador usa esta metáfora, para ilustrar o exercício reflexivo presente no estudo da história e a relação entre passado-presente, em sentido de mútua influência. Assim o autor pontua:

“... o historiador é também um ‘pássaro de minerva’: passa a noite reexaminando o dia. Por outro lado, não tem certeza de que pode conhecer o passado-dia, pois a noite-presente em que ele está é o lugar do sonho. (...) É do alto da montanha, é dos ombros do gigante-tempo, que se contempla um horizonte mais amplo. Na verdade é de madrugada, tarde da noite, que o dia anterior é melhor pensado e organizado e também imaginado!”

O historiador assim como o faz a coruja, deve ter visão periférica, ver para além de seus horizontes, deve buscar na escuridão esclarecer as lacunas deixadas no tempo, sem temer a incerteza da jornada, deve ter sempre os olhos perspicazes para problematizar o mundo e os indivíduos.
É dever do historiador, saber que a liberdade de pensar é tão sublime quanto o vôo alçado nas maiores altitudes. “O homem está em permanente reconstrução; por isto é livre: liberdade é o direito de transformar-se.” E é inegável o poder transformador da história, e quem se deixa fascinar no seu estudo, sabe disso.
E foi pautando-se nesta simbologia, que pusemos este nome ao blog (e que nossa musa clio, não fique enciumada) . No entanto, este título não se encontra definido, estamos abertos a sugestões, não só no que diz respeito ao nome do blog, mas a qualquer outra espécie de critica ou sugestão.
Assim, faça seu cadastro no blog, poste, comente, divulgue, sugira, critique, exponha suas idéias. Esta é impulso necessário ao vôo deste pássaro. Entre em contato conosco, sua participação é a essência desta empreitada.

passarosdeminerva@hotmail.com

Read more...

Ainda somos os mesmos?

font face="Arial" size="2"> Elis Regina - Como nossos pais

Read more...

quinta-feira, 7 de maio de 2009

A HISTÓRIA E OS HISTORIADORES

“Nada lhe posso dar que já não exista em você mesmo. Não posso abrir-lhe outro mundo de imagens, além daquele que há em sua própria alma. Nada lhe posso dar a não ser a oportunidade, o impulso, a chave. Eu o ajudarei a tornar visível o seu próprio mundo, e isso é tudo.”(Hermann Hesse,escritor alemão 1877-1962).

"[...] o historiador ao contrário do cientista, é duplamente propenso à fraqueza e à fragilidade da memória humana. Entretanto, a maior parte da obra do historiador consiste em identificar a verdade, aquilo que é falso e aquilo que é provável." Pois o tempo é parte integrante de seu objeto, é uma ciência em marcha. “Para permanecer uma ciência, a História deve se mexer, progredir; mais que qualquer outra, não pode parar.” (Marc Bloch).

Sentir-se bem, eis o sentido da vida. Tomemos como base a seguinte afirmação: Filosofo é todo aquele que ama a sabedoria, que tem amizade ao conhecimento. Partindo desse pressuposto, então quem é o historiador? O que é um historiador? Para que serve um historiador? A historia é mesmo uma Ciência? Para quê serve então? Se você, assim como eu, já parou para refletir sobre isso, então percebeu que a maioria das perguntas acima são incógnitas paradoxais, cada solução gera um novo questionamento.

Se você é estudante ou já se graduou no curso de história, possivelmente algum conhecido seu já o questionou, sobre quem construiu as pirâmides? Como Cabral “descobriu” o Brasil? Ou a clássica pergunta: você sabe da história do Mundo todo? Bem, como já foi possível perceber, sou melhor em perguntar do que em responder... Mas saiba que a História é um processo e não um fim, é a viagem não o destino... Saber aonde você quer chegar é mais importante do que como você fará o percurso.

Viver é melhor que sonhar! Porém responda: O que seria da vida sem que pudéssemos, mesmo que às vezes, imaginar como tudo poderia ter sido diferente ou que os momentos marcantes pudessem se repetir, só mais uma vez?

Bem, a história não traz repetições de fatos ocorridos, fielmente com o vivenciado. Como em uma 'máquina do tempo' dos filmes de ficção, não tem a capacidade de alterar os inúmeros erros humanos, mas talvez se a tivesse não seria tão fantástica, tão fascinante, tão enigmática. Em síntese, a história poderia ser "a ciência do tempo e da mudança, colocando a cada instante delicados problemas para o historiador”. Bem como, é possível que a verdade buscada seja também tão indescritível, inexorável, inacreditável, impronunciável que poderiamos 'passar por ela, sem que a percebessemos, pois verdade é tudo aquilo que o indivíduo quer acreditar'.

Desse modo, o historiador (aquele que "produz" a História) deve ter o "espírito crítico", pois segundo Bloch "(...) o historiador ao contrário do cientista, é duplamente propenso à fraqueza e à fragilidade da memória humana. Entretanto, a maior parte da obra do historiador consiste em identificar a verdade, aquilo que é falso e aquilo que é provável”.

Para o historiador "toda história é escolha" (FEBVRE: 1989,19), pois o historiador cria os seus materiais, ou se quiser, recria-os. Em outras palavras, o historiador parte para o passado com uma intenção precisa, um problema a resolver, uma hipótese de trabalho a verificar.
Nesse sentido, Lucien Febvre enfatiza, em seu legado intelectual, a importância e, não obstante, a necessidade de uma história engajada, que compreende e faz compreender, isto é, uma ciência humana constituída por fatos e textos, capazes de questionar e problematizar a existência humana…

Se aceitarmos que a História começa com a busca pela verdade e sua reflexão, então se realmente acharmos à verdade, verdades, a História corre o risco de acabar? Pois assim todas as perguntas teriam resposta? Então o que seria do historiador? Nesse sentido Fukuyama estaria certo.
Para você o que é a História? E qual o papel social do historiador? Ajude-nos a descobrir que História é essa?!

E você? Que achou do texto? Poste seu comentário. Obrigado!

Marcos Fábio Teixeira Lopes

Read more...

sábado, 2 de maio de 2009

Entrevista com Hilário Franco Junior

Entrevista realizada com o historiador Hilário Franco Júnior, pelo site Café história.
Hilário Franco Júnior é medievalista, especialista em mitologia medieval, professor do Departamento de História da Universidade de São Paulo (USP), tendo feito seu pós-doutorado com Jacques Le Goff na École des Hautes Études en Sciences Sociales.
Além da ótima entrevista, fica também a dica do Café história, um espaço privilegiado para aqueles que são admiradores da História.
Assim deleite-se com a entrevista e faça uma visita ao Café-história.
Abaixo o link da entrevista, na sessão Conversa Cappuccino

http://cafehistoria.ning.com/profile/ConversaCappuccino

Read more...

sexta-feira, 1 de maio de 2009

O Fim do Império em Vídeo-Charge

Os quadrinhos como ferramenta para o ensino de história do Brasil. Um vídeo interessante, montado com charges que abordam o padroado, abolição e a questão militar no fim do Império no Brasil. Possibilitando a analise da história por meio da crítica e do humor das charges.

Read more...

  ©Template by Dicas Blogger.