quinta-feira, 7 de maio de 2009

A HISTÓRIA E OS HISTORIADORES

“Nada lhe posso dar que já não exista em você mesmo. Não posso abrir-lhe outro mundo de imagens, além daquele que há em sua própria alma. Nada lhe posso dar a não ser a oportunidade, o impulso, a chave. Eu o ajudarei a tornar visível o seu próprio mundo, e isso é tudo.”(Hermann Hesse,escritor alemão 1877-1962).

"[...] o historiador ao contrário do cientista, é duplamente propenso à fraqueza e à fragilidade da memória humana. Entretanto, a maior parte da obra do historiador consiste em identificar a verdade, aquilo que é falso e aquilo que é provável." Pois o tempo é parte integrante de seu objeto, é uma ciência em marcha. “Para permanecer uma ciência, a História deve se mexer, progredir; mais que qualquer outra, não pode parar.” (Marc Bloch).

Sentir-se bem, eis o sentido da vida. Tomemos como base a seguinte afirmação: Filosofo é todo aquele que ama a sabedoria, que tem amizade ao conhecimento. Partindo desse pressuposto, então quem é o historiador? O que é um historiador? Para que serve um historiador? A historia é mesmo uma Ciência? Para quê serve então? Se você, assim como eu, já parou para refletir sobre isso, então percebeu que a maioria das perguntas acima são incógnitas paradoxais, cada solução gera um novo questionamento.

Se você é estudante ou já se graduou no curso de história, possivelmente algum conhecido seu já o questionou, sobre quem construiu as pirâmides? Como Cabral “descobriu” o Brasil? Ou a clássica pergunta: você sabe da história do Mundo todo? Bem, como já foi possível perceber, sou melhor em perguntar do que em responder... Mas saiba que a História é um processo e não um fim, é a viagem não o destino... Saber aonde você quer chegar é mais importante do que como você fará o percurso.

Viver é melhor que sonhar! Porém responda: O que seria da vida sem que pudéssemos, mesmo que às vezes, imaginar como tudo poderia ter sido diferente ou que os momentos marcantes pudessem se repetir, só mais uma vez?

Bem, a história não traz repetições de fatos ocorridos, fielmente com o vivenciado. Como em uma 'máquina do tempo' dos filmes de ficção, não tem a capacidade de alterar os inúmeros erros humanos, mas talvez se a tivesse não seria tão fantástica, tão fascinante, tão enigmática. Em síntese, a história poderia ser "a ciência do tempo e da mudança, colocando a cada instante delicados problemas para o historiador”. Bem como, é possível que a verdade buscada seja também tão indescritível, inexorável, inacreditável, impronunciável que poderiamos 'passar por ela, sem que a percebessemos, pois verdade é tudo aquilo que o indivíduo quer acreditar'.

Desse modo, o historiador (aquele que "produz" a História) deve ter o "espírito crítico", pois segundo Bloch "(...) o historiador ao contrário do cientista, é duplamente propenso à fraqueza e à fragilidade da memória humana. Entretanto, a maior parte da obra do historiador consiste em identificar a verdade, aquilo que é falso e aquilo que é provável”.

Para o historiador "toda história é escolha" (FEBVRE: 1989,19), pois o historiador cria os seus materiais, ou se quiser, recria-os. Em outras palavras, o historiador parte para o passado com uma intenção precisa, um problema a resolver, uma hipótese de trabalho a verificar.
Nesse sentido, Lucien Febvre enfatiza, em seu legado intelectual, a importância e, não obstante, a necessidade de uma história engajada, que compreende e faz compreender, isto é, uma ciência humana constituída por fatos e textos, capazes de questionar e problematizar a existência humana…

Se aceitarmos que a História começa com a busca pela verdade e sua reflexão, então se realmente acharmos à verdade, verdades, a História corre o risco de acabar? Pois assim todas as perguntas teriam resposta? Então o que seria do historiador? Nesse sentido Fukuyama estaria certo.
Para você o que é a História? E qual o papel social do historiador? Ajude-nos a descobrir que História é essa?!

E você? Que achou do texto? Poste seu comentário. Obrigado!

Marcos Fábio Teixeira Lopes

4 comentários:

Unknown 9 de maio de 2009 às 18:19  

é marcos o que nos fascina nessa ciência? a busca pela verdade,ou verdades, qual a serventia que nos traz, o que torna tão mágico se aprofundar nessa viagem? mas do que qualquer outra ciência, o que nos diferencia é que trazemos sempre uma nova visão sobre o que passou, mais do que contamos fatos, buscamos entender como aconteceram e seu significado para sociedade de cada época, e nos vemos nessa realidade com possibilidades multiplas de analisando o passado analisarmos a nós mesmos, acho legal as afirmações quando dizem que a história não tá aqui pra trazer uma resposta pronta e acabada, que tenha um sequencia que sempre terá o mesmo final, ela é mais do que isso, é temporal, incessante de angulos que cada um de nós poderar definir de alguma forma..........

Jonas Freitas 10 de maio de 2009 às 20:32  

Ilustre Camarada Marcos Fábio, seu artigo ficou bastante interessante, além de mostrar a grande preocupação que temos de sempre saber um pouco mais do âmbito histórico, além de contribuir para instigar aos leitores que passem a refletir mais, pois nesse mundo contemporâneo e caótico, raramente temos tempo pra fazer algo diferente da nossa rotina... e nós historiadores buscamos rebuscar um sentimento de conhecer os vários "porquês" que foram e ainda são silenciados pelo tempo...

Edilberto Florencio 11 de maio de 2009 às 00:54  

Salve salve Marcos Fábio!
Bom texto! Questões pertinentes, que lembram muito nossas conversas nos corredores e biblioteca do campus.
Se concordarmos que a história é feita de escolha, devemos cuidar em observar quais são as bases e os alvos de tais escolhas.
Jean Chesneaux, fala sobre a complexidade inerente ao termo 'história', que representa "ao mesmo tempo o movimento profundo do tempo e o estudo que dele se faz". Assim o que seria a história, ou que "história é essa"?
Estou no mesmo barco que você, navegando em busca destas respostas, por águas ora turvas ora cristalinas; neste imenso mar que nos é a história.
De todo modo, estas primeiras remadas que dei neste mar adentro, me fez aprender que a história é feita e escrita por homens, assim sendo dotada de subjetividade, inerente ao homem em suas relações. Daí, creio que as respostas a estes "porquês", também sejam pessoais e subjetivas. Pois o conceito que me vale, pra você talvez não seja pertinente. Assim por mais que se leia as obras dos grandes historiadores, jamais lhe será dito o que a história é, pois só você é que poderá elaborar tal conceito.
E é esta complexidade e diversidade, que tornam a história fascinante, num espaço onde o plural impera. São visões, versões, construções, definições e mesmo verdades, que constituem a história, nas duas esferas expressas por Chesneaux. E são as possibilidades de troca, inerente a esta pluralidade, que fazem deste blog um espaço promissor para os apreciadores da história.

Kevyn Almeida 27 de maio de 2009 às 15:12  

A quanto tempo...velho amigo!É bom saber que você não perdeu sua maior habilidade: a retórica.Também é uma pena que nós da Filosofia o perdemos para a História...torço para que você se torne de fato uma grande historiador, pois saiba que sempre terá sua cadeira de honra na Filosofia. Vamos ao que interessa, vejo nesta iniciativa dos idealizadores deste espaço uma oportunidade de interação e de interdisciplinaridade, todavia a visão histórico-filosófica que você propõe é demasiado relevante. Dizer que este espaço é de historiadores é uma afiramção errônea, e sei que nunca a fizeram, pois, sabem que o conhecimento deve ser repasado,discutido,refletido.Já posso até adivinhar que vc ainda lê Nietzsche, ainda fala como se pudesse "mudar o mundo,trabalhar as mentes ",não era assim nos tempos de escola?!!!Se ainda precisa de meus conselhos lá vai: CONTINUE TENTANDO, você vivia dizendo e hoje concordo ao ler este fabuloso escrito:"Tente mover o Mundo , e começe movendo a si próprio".PARABÉNS pelo escrito e se cuide.

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